quinta-feira, setembro 28, 2006

pós


-antes de atirar só me responda uma pergunta: ainda estamos no jogo?

[estampido seco]
...e o dente cravou em seu crânio espirrando sangue e carne sobre o flácido joystick de pele.


No chão, nada de concreto.



(escrito por Ana Letícia)

segunda-feira, setembro 18, 2006

Os desajustados


Para dar início a sessão temática “Os Desajustados – diretores esquisitos desfilam suas perturbações na tela” nada mais apropriado do que um filme do canadense David Cronenberg, provavelmente o cineasta que melhor representou o corpo humano e suas mutações físicas, em filmes que vão desde a hiper conhecida ficção-científica ‘A mosca’, ao exemplar de terror B ‘Calafrios’ (influencia confessa dos realizadores de Alien).

‘eXistenZ’ (1999), seu filme que será exibido no Corte Seco, faz parte de sua filmografia mais contemporânea e traz a tona questões amplamente discutidas com o advento das chamadas ‘novas tecnologias’, incluindo inquietações éticas sobre a status da representação a partir de realidades virtuais.


Sinopse: Uma renomada designer (Jennifer Jason Leigh) de jogos de realidade virtual, criadora de um novo jogo interativo chamado eXistenZ é vítima de uma intensa perseguição por fanáticos religiosos que querem assassiná-la. Em fuga, é forçada a se esconder com um guarda de segurança novato (Jude Law), decidido a protegê-la. Porém, durante a perseguição os dois experimentam um mundo onde os limites entre a fantasia e a realidade não existem e nada é o que parece ser.


SERVIÇO

Filme: eXistenZ
Duração: 97 min
Local: Sala Aruanda (Decom – UFPB)
Horário: 19h20
Dia: 20/09 (Quarta-feira)
Sessão temática: Os desajustados


Entrada franca, sem direito a devolução.

quinta-feira, setembro 14, 2006

Do kimono ao terno


Quem esteve presente na última sessão do corte seco participou de um instigante debate sobre o filme assistido (A bittersweet Life) e sobre o cinema de forma geral. Para não deixar o momento inteiramente restrito ao passado e as pessoas que presenciaram a sessão, deixo aqui algumas considerações que foram abordadas na ocasião. Ressalto que não se trata de uma crítica ao filme propriamente dito e nem mesmo as minhas idéias pessoais sobre questões lá colocadas.

Tentarei fazer um rápido levantamento do que foi discutido, deixando em aberto para possíveis colaborações (afinal, esse é o propósito do blog, neh?).

1 - Já parece bem claro para as pessoas que acompanham o cinema contemporâneo, que os orientais estão cada vez mais ousados e mais interessados em uma cinematografia criativa e pulsante. Porém, não se trata de um grupo homogêneo de cineastas com mesmos interesses estéticos, e a diversidade parece servir para abrilhantar ainda mais o todo que é o cinema oriental. Como exemplo, além de A Bittersweet Life (de Kim ji Woon), tem o cinema autoral de Wong Kar Way, de Takeshi Kitano (foto acima), de Hou Hsiao-Hsien, de Miike e tantos outros.

2 - O que nos chama a atenção é a forma como o cinema oriental se distanciou do ambiente feudal, mantendo forte a tradição cultural tão presente quando pensamos nos orientais. Se Kurosawa fazia pérolas como os ‘7 samurais’, ou mesmo ‘Macbeth’ no japão feudal, ou ‘Kagemusha - a sombra do samurai’, os cineastas contemporâneos usam o ambiente urbano e os gêneros consagrados (policial, suspense, terror) para nos brindar com personagens densos e uma estética mais próxima da cultura pop, dos mangás (vide animes e mesmo os filmes), e da estilização da violência.

3- Violência no cinema foi também discutido e já pede um artigo a parte, por isso não tocarei no assunto. (apenas um detalhe observado no filme em questão >> a atitude violenta do personagem central está sempre como elemento de sublimação de um sentimento interior. É a forma mais honesta dele se expressar. Foi bem observado na ocasião a força e a importância que a violência exerce na narrativa)

4 - 'A doce amarga vida' seria um bom título em português porque metaforiza o sentimento do personagem central. Apesar de que ‘Doce Tortura' (provável título me parece) é bem mais irônico.

5 - Sun Woo, o personagem central, é melancólico e o fato de não ter pra onde ir é o que o animaliza, algo próximo a um aforismo de Sun Tzu em 'a arte da guerra’, no qual ele diz para nunca se deixar o inimigo sem saída porque assim ele vira uma fera incapaz de ser domada (algo assim).

6 - o tema da vingança, tão recorrente nas narrativas de todos os tempos, continua sendo de extrema importância para o cinema, continua recorrente. Em ‘Bittersweet’, alguém observou que não é a vingança que move o personagem, e sim, a procura por uma resposta, uma busca desesperada em entender o ser humano e o mundo que ele habita.

7 - O terno de Sun Woo nunca amassa e alguém comentou que gostaria de ter um desse (será que estava pensando em se tornar um gângster estiloso à la Vicent Vega ou mesmo o próprio Sun Woo?)

8 - O humor inserido em uma trama densa como é o caso, quebra o tom geral da obra em um sentido positivo, pois alivia o espectador da tensão, e o prepara para a cena seguinte. Uma longa cena no meio do filme parece inteiramente deslocada do todo, e isso soou muito interessante... algo a se pensar mais.

9 - O filme é muito musical e embala o ritmo como num verdadeiro concerto. Acho até que falaram em ópera da violência.

E pra não chegarmos ao temido 10, que sempre tem cara de fim, termina aqui, lembrando que a próxima sessão será na quarta-feira, dia 20, com o filme 'Existenz', de Cronenberg e um curta de Scorsese feito em 1967. Pelo jeito, sangue, esquisitices, real x virtual, ou seja, muita coisa a se pensar. Cronenberg e Scorsese juntos? Certamente a sessão mais instigante até o momento (na minha opinião).

segunda-feira, setembro 04, 2006

Sangue quente na tela


Um filme oriental com esitlo à la tarantino (que por sua vez é sempre à la oriental) e uma história que lembra uma tragédia grega, porém moderna e sangrenta. Tudo isso envolto a um personagem solitário, máfia coreana, uma linda jovem e uma explosão de violência e vingança. Cinema das tripas e de alta qualidade é o que não irá faltar na próxima sessão do Corteseco. Nesta quarta, dia 6, as 19h20 na Sala Aruanda:

A Bittersweet Life, de Kim Ji Woon

Uma doce amarga vida ou ‘Doce Tortura’ (provável título em português). O filme ainda não estreou comercialmente nos cinemas do BR, mas já fez um bocado de fãs pelos festivais de cinema mundo afora.

Sinopse: Sun-Woo serviu lealmente durante sete anos o poderoso chefe da máfia coreana, o presidente Kang. Ao ser encarregado de resolver uma questão pessoal para o seu chefe, que suspeita estar sendo traído por sua namorada, Sun-Woo comete um erro infeliz e passa a ser perseguido pelos capangas da máfia. Batalhas violentas serão travadas por aqueles que nada têm a perder.

SERVIÇO
Filme: A Bittersweet life
Direção: Kim Ji-Woon
Duração: 120 min
Local: Sala Aruanda (Decom – UFPB)
Horário: 19h20
Dia: 06/09 (Quarta-feira)

Entrada franca, sem direito a devolução.