Na época em que o cinema nacional era feito e discutido por arroubos apaixonados de jovens briguentos e idealistas, Sganzerla, então detentor do título de filho rebelde do cinema novo e fundador a contragosto de um movimento intitulado marginal, dizia que “fazer cinema no Brasil é o máximo porque é o impossível”. Muitos e muitos anos depois, nos encontramos hoje com um dado tão estranho quanto problemático. O cinema nacional ainda existe. Sim, ele é feito em 24 quadros por segundo, em película como manda o figurino, e pode teoricamente ser exibido qualquer sala de cinema no mundo, e mais, só esse ano já lançou 30 filmes comercialmente no eixo Rio-SP. E agora o que nos resta fazer? Assisti-los todos? Tentar entender onde se situa esse cinema nacional, suas possíveis características e suas eventuais qualidades estéticas? Perceber a reação de um público tão acostumado a não ver o próprio cinema?
Tudo isso seria possível, se eles estivem passando no cinema ‘mais perto de você’. Pois é, o nosso cinema, incluindo toda problemática advinda desse termo, anda sendo discutido pelos críticos brasileiros. Só para atestar isto, apontamos duas importantes revistas eletrônicas, onde seus redatores fizeram um excelente trabalho de questionamento e entendimento do cinema nacional.: contracampo e cinética.
Só para não ficarmos fora da questão, afinal o Brasil não se resume ao eixo RIO-SP, destacamos que os multiplexes da PB, tão dependentes das decisões de distribuidores e executivos de mala preta tão obscuros que parecem ter saídos de um filme de Lynch, não conseguem sequer atender o ‘mínimo necessário’ para visualizarmos nossa própria produção de longas. Dos 30 filme lançados, apenas 7 aportaram por aqui. Se lá no ‘paraíso cultural’ do Brasil as coisas não andam nada bem para a velha arte industrial (vide as criticas das revistas citadas acima), o que dizer então de nossa adorada terrinha. Só podemos agora falar mau (ou bem) de nosso cinema, quando se referir a produção distribuída pela Globo Filmes.
Chegamos então na conclusão fatídica de que ‘Fazer cinema no Brasil é o máximo, porque nunca é visto’. Mas isto ainda é impossível.
Filmes nacionais lançados comercialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo no primeiro semestre de 2006:
Didi, Caçador de Tesouro, de Renato Aragão
Se Eu Fosse Você, de Daniel FilhoSoy Cuba – O Mamute Siberiano, de Vicente FerrazCrime Delicado, de Beto Brant Carnaval, Bexiga, Funk e Sombrinha, de Marcus Vinícius FaustiniMulheres do Brasil, de Malu de MartinoO Gatão de Meia Idade, de Antonio Carlos da FontouraSal de Prata, de Carlos GerbaseO Veneno da Madrugada, de Ruy GuerraDepois Daquele Baile, de Roberto Bomtempo
A Máquina, de João FalcãoBoleiros 2 – Vencedores e Vencidos, de Ugo GiorgettiIrma Vap – O Retorno, de Carla CamuratiÁrido Movie, de Lírio FerreiraBrasília 18%, de Nélson Pereira dos SantosAchados e Perdidos, de José JoffilyA Festa de Margarette, de Renato Falcão O Dia em Que o Brasil Esteve Aqui, de Caito Ortiz e João Dornelas
Ginga, de Hank Levine, Tocha Alves e Marcelo Machado
Meninas, de Sandra Werneck
A Concepção, de José Eduardo Belmonte
A Mochila do Mascate, de Gabriela Greeb
Tapete Vermelho, de Luiz Alberto M. Pereira
Dom Hélder Câmara – O Santo Rebelde, de Erika Bauer
Araguaya – Conspiração do Silêncio, de Ronaldo Duque
Moro no Brasil, de Mika Kaurismaki
Outra Memória, de Chico Faganello
Dia de Festa, de Toni Venturi e Paulo Georgieff
Moacir – Arte Bruta, de Walter Carvalho
No Meio da Rua, de Antonio Carlos da Fontoura
Filmes desta lista que já aportaram nos cinemas paraibanos.
Didi, Caçador de Tesouro, de Renato Aragão
Se Eu Fosse Você, de Daniel Filho
A Máquina, de João Falcão
O Gatão de Meia Idade, de Antonio Carlos da Fontoura
Irma Vap – O Retorno, de Carla Camurati
Achados e Perdidos, de José Joffily
Tapete Vermelho, de Luiz Alberto M. Pereira
Precisa dizer mais?
p.s. talvez eu tenha esquecido algum filme na nossa lista. tomara.